quarta-feira, 27 de julho de 2016

Tocantinópolis: Cultura, arte e história abandonadas


Tocantinópolis tem uma história rica que contabiliza 158 anos, fora a história anterior proveniente do povo Apinajé, que é pouco conhecida. Nesse percurso, a cidade acumulou não apenas fatos que ficaram marcados no tempo, mas também uma carga cultural extremamente importante constituída através da formação de seu povo, com a mistura de várias culturas. Além de formar esse jeito próprio de viver, com costumes singulares e um sentimento de pertencimento a esse lugar, a cidade no decorrer de sua história fez surgir vários personagens notórios, fatos e acontecimentos de grande relevância regional na política, economia e cultura.

Tocantinópolis é berço de Escritores, Poetas, Músicos, Artesãos, Juristas, Professores, políticos e Religiosos de grande envergadura, como Aldenora Alves Correa, Belinha Neves, Padre João de Sousa Lima, Darcy Coelho, Darcy Marinho, Pedro José Cipriano, Francisco Queiroz, Professor José Carneiro de Brito, entre outros grandes filhos desta terra.

As atividades culturais no decorrer do tempo, algumas resistindo outras não, foram se tornando parte do cotidiano das pessoas deste lugar. O divino, a dança e musica do Salambisco, as quadrilhas e festas juninas, as serestas, o artesanato, a pesca artesanal e a cultura ribeirinha, a poesia popular, a cultura e arte indígena, tudo isso e muitos outros elementos formam de fato a cultura desse chão, que tem sido em grande parte desprezada.

Infelizmente tanto a história quanto a cultura da cidade são imensamente desprestigiadas. A gestão municipal não tem um projeto genuíno e consistente que realmente fomente e promova a cultura e resgate a história de Tocantinópolis. Todos os anos o que vemos é mais do mesmo. É importante que se faça uma ressalva para reconhecer o bom trabalho que tem sido feito com as festas juninas no mês de junho, mas a cultura Tocantinopolina não se resume unicamente a isso, como mencionei acima.

Durante o mês de julho pouco se vê artistas locais se apresentando e a eles nenhuma notoriedade é dada. A cidade que num passado não tão distante ja foi palco de festivais de musica regional, há anos não promove um evento como este. Concursos literários, concursos gastronômicos de comidas típicas, danças locais, feira de artesanato e arte popular não são realizados. O recurso gasto para pagar um único cantor conhecido nacionalmente poderia ser empregado na realização de um grande projeto de fomento à cultura local com qualidade, prestigiando os artistas de nossa terra e região, com certeza agradando ao publico também. Mas para isso, é importante que se possa usar a criatividade, conhecimento, informação, inovação e diálogo com quem faz cultura no município, e até mesmo com o campus da UFT que poderia ajudar neste sentido, já que dispõe de um curso com habilitação em artes e música que conta com vários professores ligados diretamente à essas áreas.

No inicio da gestão municipal de 2008 quando assumiu o atual gestor, o prédio reformado pela gestão anterior com a finalidade de abrigar um Centro Cultural que fica onde antigamente funcionava o Mercado municipal foi inaugurado, a princípio naquele local pensado para essa finalidade, deveria ser um espaço para acolher artesãos onde eles pudessem vender e expor sua arte, (pinturas, artesanato do babaçu e outras matérias primas regionais, esculturas, literatura, arte indígena e etc...), lugar para expor um pouco da história da cidade, além de servir como centro de promoção da cultura com espaço para pequenas apresentações e eventos de natureza cultural. Seria um local de referência para cultura da cidade, onde até mesmo as escolas poderiam tirar proveito desse espaço. Local que também seria de grande importância para o turismo.

Atualmente, esse lugar que deveria funcionar com esse propósito, abriga um Centro de Inclusão Digital, que também é de grande importância, mas que na minha opinião está no lugar errado. A gestão deveria ter se esforçado para alocar esse importante centro de formação em um lugar devidamente apropriado, tendo em vista, que o antigo mercado não foi reformado para essa finalidade. E é evidente que nesses oito anos de gestão, recursos suficientes já entraram no município para resolver essa questão. Mas a cultura não é encarada da forma como deveria.

Outro grande erro foi se desfazer de um prédio muito bem localizado no centro da cidade que foi reformado e devidamente adaptado, com espaço suficiente para dar lugar a Biblioteca municipal. Hoje a biblioteca funciona no antigo mercado em local inapropriado com espaço insuficiente e mal distribuído. Tudo isso, mostra sem dúvida alguma, que educação e cultura não são priorizadas. Falta visão, espirito inovador, apreço pela história, compromisso com a cultura e educação, falta cultura à quem administra esta cidade. Essa é uma constatação bem evidente.

Ruas, praças, quadras, obras de infraestrutura são indiscutivelmente importantes, mas uma sociedade sem arte, cultura e educação de qualidade, provavelmente estará fadada à estagnação e a problemas de toda natureza. Uma sociedade que não valoriza, nem conhece sua própria história, seus personagens e sua formação, perde em todos os sentidos. Perde a oportunidade inclusive de construir uma nova história eliminando os tantos erros cometidos pelas gerações anteriores.

Ao próximo gestor, pois esse mandato já está chegando ao fim, fica o pedido deste cidadão e de muitos outros que compartilham comigo do mesmo pensamento: Que transforme o antigo mercado no Centro Cultural que deve ser, pois a cidade merece. E que também construa ou adapte um prédio apropriado para o estabelecimento da Biblioteca Municipal de nossa cidade. A cultura, o povo de Tocantinópolis e os turistas certamente serão prestigiados e o município ganhará muito com isso.

Fonte: Giano Guimarães

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