"Sujinho", como era conhecido em Tocantinópolis, reencontra família após 20 anos. Entenda

 Um reencontro familiar emocionou a todos que acompanhou a trajetória do “Sujinho”. Depois de viver mais de 20 anos longe da família, o morador de rua, Adelmam Pereira Lima pode reencontrar os parentes. O homem de 39 anos vivia em Tocantinópolis. Segundo a equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o momento foi de grande alegria e emoção.

A união com os parentes veio a partir de um acaso. Depois de uma longa trajetória vivendo em condições sub-humanas, Sujinho agora desfruta do seio familiar onde recebe todo o carinho e atenção dos parentes e amigos.

Segundo a irmã de Adelman, Celina Pereira Lima Santana, Sujinho é seu irmão por parte de pai, no total são 16 irmãos, sendo um já falecido. Após a morte de seu pai, Sujinho com apenas 5 anos de idade, ficou aos cuidados de sua irmã mais velha. Ao sair de casa pela primeira vez, aos 13 anos, a procura de emprego, Adelmam seguiu para o garimpo da Serra Pelada, no Estado do Pará, lá permaneceu por muito tempo. Depois disso, sua família que residia em Araguatins acabara se mudando para Araguaína.

Já em 1995 Adelmam reaparece no antigo endereço de seus familiares em Araguatins, mas não encontrou ninguém, motivo este que o levou a colocar anúncio na rádio em busca de seus parentes. Feito isso, a família foi de encontro ao Adelmam, onde passou um curto período com seus irmãos. Posteriormente, Adelmam anunciou para a família que ia embora novamente, desta vez, para o Mato Grosso, lá trabalharia em plantação e colheita de cana.

Ao passar um ano no Mato Grosso, Adelmam retorna novamente. Celina conta que Adelmam já estava com sinais visíveis que era usuário de drogas (cola de sapateiro). Ao usar os produtos químicos, Adelmam aparentava agressividade e vivia brigando com suas irmãs. De repente, Adelmam some sem dá notícias a ninguém. “Simplesmente desapareceu, anoiteceu e não amanheceu; isso em 1995 e só agora é que conseguimos localizar ele”, relata Celina.

“Eu pensava que ele já tinha morrido, não tinha mais esperanças de encontrar o Aldemam vivo. Fiquei muito feliz com esse reencontro. Estávamos praticamente o tempo todo bem perto um do outro e não sabíamos. A sogra do Batista, que é o responsável pela Comunidade Terapêutica Vida Nova, é minha vizinha, mora do lado da minha casa e eu não sabia. A enfermeira Ticiana Barros, que é daqui de Tocantinópolis, e trabalha em Araguaína junto comigo, me ajudou bastante. Quando ele chegou ao Posto para fazer curativo, a Ticiana o reconheceu na hora. Foi incrível, ela ligou para a Rosa, coordenadora do CREAS informando da situação. Aos poucos ele está conseguindo se lembrar, já está até perguntando pelos outros irmãos”, relatou Celina.

Sobre o trabalho realizado pelo CREAS, Celina Santana disse que está maravilhada, pois nunca pensava que uma instituição pudesse desenvolver um trabalho tão importante como esse. “Estou encabulada com tudo, principalmente com a Rosa, devido o que ela fez por ele (Adelmam). Eu pensava que não existiam mais pessoas desse jeito, tão prestativa e solidária. Estamos todos impressionados com toda a assistência prestada ao Adelmam. Um trabalho muito maravilhoso. Estou muito feliz por isso. Eu em nome de toda minha família agradeço de coração, a todos que fizeram algo prestativo ao Adelmam, em especial à Rosa, pois ela é uma pessoa muito especial e de Deus. Agora é só alegria”, comemora Celina.

Trajetória

Ao tomar conhecimento da situação em que se encontrava Adelmam ainda no ano de 2014, a Prefeitura, através do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Tocantinópolis, enviou ofício junto ao Ministério Público Estadual (MPE), relatando a real situação vivenciada pelo morador de rua. Ao assumir o Governo Municipal, a atual gestão tem se desdobrado em busca de reverter tais circunstâncias, visto que a pessoa em questão, estava com a integridade física ameaçada, devido os locais que frequentava.

“Desde quando protocolado ofício ao MP, o CREAS fez inúmeras tentativas a respeito de internações, mas não foi possível, visto que “Sujinho” não dispunha de discurso coerente e, por conseguinte não conseguia nos informar seu nome e dados pessoais completos, sendo estes, requisitos necessários para que houvesse a internação na clínica. Além desta tentativa, sempre nos prontificamos e nos disponibilizamos a está indo atrás das informações que pudessem ser úteis a esse caso. Toda as vezes que víamos Adelmam pelas ruas, levávamos ele para o CREAS, lá dávamos comida, banhávamos e vestia-o, as vezes ele reagia com agressividade, mas aos poucos fomos ganhando sua simpatia”, explicou Rosângela Rosa, coordenadora do CREAS.

Ao saber que a cidade de Araguaína dispunha de uma Comunidade Terapêutica, a Prefeitura e Secretaria Municipal de Assistência Social, por meio do Centro de Referência Especializado de Assistência Social entrou em contato com a instituição para que Adelmam Pereira fosse internado, a fim de receber os cuidados necessários para sua devida reabilitação social.

Para que Adelmam fosse encaminhado à Comunidade Terapêutica Vida Nova, em Araguaína, o mesmo precisaria de uma pessoa responsável por sua integridade. Sendo assim, Rosângela Rosa passou a ter a curatela de Adelmam, visto que o mesmo precisava de cuidado especial para sua comunicação e vivência social.

Rosângela Rosa destaca que após entrada dos trâmites legais na Justiça (instituição fundamental durante esse processo), foi realizada investigação sobre os dados pessoais de Adelmam, fator este que propiciou a retirada dos documentos, e um benefício junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Internado no Hospital Municipal José Sabóia, Adelmam foi submetido a tratamento de desintoxicação, ação necessária para que o paciente fosse conduzido para a comunidade aludida. Por lá, Sujinho permaneceu por um bom tempo. Deste local, fugiu várias vezes em busca de saciar o desejo compulsório por cigarros.

Depois de ser trazido pelo menos umas três vezes após fugir da Comunidade, Adelmam foi encaminhado para uma clínica em Caldas Novas, lá também recebeu toda a atenção para sua reabilitação, porém devido ao fechamento da clínica, teve que ser novamente remanejado para Araguaína, cidade onde aconteceu o reencontro com a família.

Após o reencontro com familiares, Adelmam tem uma nova curadora. Sua irmã Celina Santana esteve na última quarta-feira, 24 de julho, no Fórum de Tocantinópolis, participando de audiência judicial, onde responderá legalmente a partir de agora, pelo irmão.

O coordenador da Unidade Terapêutica Nova Vida, da cidade de Araguaína, Amado Batista disse estar muito feliz pelo reencontro do Adelmam com seus familiares.

“Hoje o Adelmam tem uma família, e isso nós temos conhecimento de que a Gestão Municipal junto com a equipe do CREAS, tem buscado desde quando tomou conhecimento do Aldemam na cidade. A um ano e poucos meses atrás, recebi uma ligação do CREAS pedindo para que internássemos o Adelmam na Comunidade Terapêutica Vida Nova, a partir de então sedemos o espaço pela história do Adelmam, razão que nos motivou a ajudá-lo, e nesse um ano poucos meses que ele permaneceu conosco, aprendemos muito sobre a questão humana. Parte desses 20 anos foi nas ruas e boa parte, ele passou sendo bem cuidado, porque o município de Tocantinópolis, através do prefeito Fabion, da coordenadora, Rosangela, e de toda a equipe do CREAS, fizeram para que esse tempo fora de casa fosse digno dentro de uma instituição, onde era respeitado, alimentado e dormia bem. Nós ficamos orgulhosos, pois desde o início tínhamos a intensão de ajuda-lo a encontrar sua família, e graças a Deus tudo isso aconteceu. Hoje o Adelmam conta com 14 irmãos e todos estão voltados e sensibilizados a ajudar, apoiar e cuidar dele. Criamos um vínculo de amizade e de amor por ele. Estamos em Araguaína e estaremos sempre que necessário, dando apoio para que ele tenha uma reinserção com seus familiares. Agradeço a humanidade que tanto o prefeito Fabion, quanto a equipe do CREAS teve para com ele, é isso que nós temos que fazer pelo ser humano, cuidar bem do próximo”, destacou o coordenador da Unidade Terapêutica Nova Vida, Amado Batista Soares.

Fonte: Dirceu Leno / Ascom Prefeitura