quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Tocantinopolina Doente a 10 Anos não Consegue Atendimento no SUS por ser Casada com Indígena. Entenda


Maria de Fátima Carneiro, 42 anos, moradora da aldeia indígena Apinajé Riachinho na zona rural de Tocantinópolis, está doente a 10 anos com um mioma (leiomioma uterino) no útero, que fez com que sua barriga crescesse como se a mesma estivesse grávida.

imagem do site www.tocnoticias.com.brSem ter pra onde correr, e com um barrigão inchado como se tivesse grávida de 09 meses, Maria de Fátima procurou a redação do Tocnoticias no intuito de expor seu problema ao público para ver se alguma autoridade pudesse lhe ajudar.
Maria de Fátima contou que no inicio não sentia muito o problema mais que nos últimos 03 anos vem sofrendo muitas dores e perdendo muito sangue por causa do tumor que existe em seu útero e ao procurar tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), através da Secretaria Municipal de Saúde de Tocantinópolis, a enferma teve negado o atendimento pelo simples motivo dela viver maritalmente com um indígena e para se livrar do "problema", lhe indicaram que ela procurasse a SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena).
Após isso, Maria disse que procurou um médico na própria aldeia, que segundo ela é Cubano, e este apenas fez uma consulta simples lhe encaminhando para o Polo Base Indígena e de lá ela foi reencaminhada para o hospital, só que no município não há um ginecologista para fazer os exames necessários, e assim Maria de Fátima disse que está sendo levada para Araguaína e Augustinópolis mais sempre sem aparecer uma solução para o seu problema.
"Quando me levam eu faço todos os tipos de exames que os médicos me pedem, mais nada de operar, eles dizem que tenho que fazer a cirurgia, e o ultimo que me atendeu em Araguaína foi o doutor Bernardo, mais ele falou pra mim que a MAMÃE DILMA tinha que liberar a verba para eu poder fazer a cirurgia". Contou rancorosa a paciente que continuando disse: "Por causa disso, eu já estou tendo sérios problemas de urina, muitas dores a noite, como se eu tivesse com cólicas menstruais, além do sangramento que é contínuo".
foto divulgaçãoMaria carregava em sua mão uma ficha de encaminhamento datada do dia 13 de Maio de 2015, ou seja, a 09 meses atrás que em seu histoico contava que a paciente retornava para o polo base para consulta onde tinha sido avaliado os resultados dos exames, e que havia sido preenchido todos os papeis para a realização da cirurgia eletiva, e no mesmo encaminhamento que solicitava alguns procedimentos, dizia que após os procedimentos deveria ser encaminhado tudo o mais rápido possível para a "Casai" de Araguaína pois a cirurgia só seria agendada após esses procedimentos.  
Perguntamos á senhora doente se após esse encaminhamento ela havia sido procurada para fazer a cirurgia e a mesma respondeu que não, mais foi chamada e levada para Araguaína no hospital onde assinou um monte de papeis lhe explicando que ela seria encaminhada para o hospital em Augustinópolis. "Eu assinei os papeis em Araguaína e deixei na CASAI, e ficou deles mandar o restante dos papeis para o Polo e chegando no Polo eles iriam mandar para Augustinópolis e lá iriam arrumar uma vaga porque lá a fila seria menor para mim poder fazer essa cirurgia, só que até agora eu não tenho resposta nenhuma".Contou Maria.
A paciente relatou ainda que em Dezembro de 2015 ela voltou a fazer os exames para a cirurgia inclusive uma ultrassom foi realizada mais depois disso ela só espera e nada da cirurgia que pode salvar a vida dela sair, lembrando que os mesmos exames já teriam sido feito anteriormente lhe animando mais a cirurgia nunca é realizada.
"Eu não aguento mais, porque estou perdendo sangue tanto por baixo como tirando meu sangue para os exames e aí eu vou ficando fraca e a minha barriga está só crescendo e pesando que eu não posso mais nem caminhar e fazer minhas coisas porque eu estou igual uma mulher grávida". Explicou Maria de Fátima que citou sentir muitas dores no pé da barriga sempre com bastante sangramentos como se fosse uma hemorragia.
 Perguntamos a dona Maria de Fátima qual o seu real desejo ao procurar a imprensa e ela respondeu muito emocionada. “Hoje eu estou aqui na frente do Brasil todo, quem estiver me assistindo, pedir a minha família e meus amigos que vem me acompanhando, aos médicos que estão nos hospitais porque eu não tenho esse recurso pra mim tirar essa doença de dentro de mim, então eu peço pra você que está assistindo e vendo meu problema que me ajude, não é porque eu sou branca e casada com um índio que vocês vão me abandonar. EU TAMBÉM SOU FILHA DE DEUS, e não é só eu que estou com esse problema, tem muitos indígenas que também estão esperando esta oportunidade de abrir a boca de falar tudo que sente. Então eu peço hoje no meu nome, em nome de todos os indígenas que lutam e buscam a saúde, porque hoje eu estou aqui pedindo e eu só quero que eles liberem, se for falta de verba que liberem, se for por causa da MAMÃE DILMA que liberem, porque nós vota, nós nunca deixamos de votar pra eleger esse pessoal que está aí olhando pra gente e ajudando a gente, e é só o que eu peço". Finalizou Maria de Fátima.   (Assista a entrevista no vídeo abaixo)
Foto: Vanusa BabaçuO caso dessa senhora expõe mais uma vez o descaso que acontece não só com os indígenas mais também com a população em geral, pois em novembro de 2015 publicamos o caso da pequena Luciana Cavalcante Laranja Apinajé que com apenas um ano e quatro meses perdeu um olho por causa da demora no tratamento, e que após a reportagem a criança foi levada pra Goiânia (GO), mais um pouco tardio, deixando de alegria apenas a notícia que Luciana não vai perder o outro olho. (Clique Aqui para ler a matéria da época)

Fonte: Roberlan Cokim/Redação do Tocnoticias

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